A Confederação do Comércio e Serviços (CCP) admite recorrer do parecer emitido anteontem pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e que vem considerar “grandes superfícies comerciais” todos os estabelecimentos com área superior a dois mil metros quadrados.
Na prática, a opinião da PGR vem permitir a abertura aos domingos e feriados de 86 lojas e supermercados que, até agora, estavam incluídos numa lista de 277 que tinham de estar encerrados neste período.
Ontem, João Vieira Lopes, vice-presidente da CCP, já tinha referido ao PÚBLICO que a confederação não partilha do entendimento da PGR e temia que a decisão conduzisse “a uma ainda maior liberalização dos horários”. Em comunicado, a CCP vem hoje dizer que vai enviar uma exposição ao procurador para que “seja revista a doutrina fixada no parecer em questão”. Os patrões do comércio garantem que “a análise efectuada aos vários regimes de licenciamento e que fundamentou o parecer está errada”.
A lei tem vindo a ser revista e chega a considera grandes superfícies comerciais estabelecimentos com área superior a mil metros quadrados que estão localizados em concelhos com menos de 30 mil habitantes. Neste caso, a loja teria de encerrar aos domingos e feriados. A posição da PGR, tomada na sequência de um pedido da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), vem limitar a definição de grandes superfícies comerciais a todos os estabelecimentos com mais de dois mil metros quadrados, independentemente da localização geográfica
A decisão da PGR vai conduzir “a uma nova dinâmica por parte dos grandes grupos da distribuição no sentido destes aumentarem as áreas de venda nos concelhos até 30 mil habitantes, com consequências claramente nefastas para as micro e pequenas empresas comerciais”, diz a CCP.