
Decorreu nos dias 14 a 16 de Maio em Malta, organizado pela AZAD – Academia para o Desenvolvimento de um Ambiente Democrático, com o apoio do EZA – Centro Europeu para Assuntos dos Trabalhadores e da Comissão Europeia um seminário cujo tema se pautou sobre a aInformação e as Tecnologias da Comunicação: Ética, Segurança no Trabalho e Participação dos Trabalhadores
Neste seminário internacional estiveram presentes Fernando Moura e Silva, Maria Reina Martin e Avelino Matos, em representação da FTDC e da FIDESTRA, bem como o Professor Paulo Gaspar do ISCET – Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo, que fora do âmbito do seminário tiveram oportunidade de reunir com representantes do grupo de Associações e Instituições de Ensino Superior que preparam a realização de um curso internacional – Master – para Jovens Quadros e Dirigentes de Organizações Sindicais e Laborais.
O interesse pela organização de um curso com estas qualificações para formar jovens dirigentes e quadros das organizações do terceiro sector (economia social), surgiu após a realização no Porto de um curso de especialização com estas características. Recordo que o curso foi promovido pela FIDESTRA e teve o apoio do EZA, COMUNIDADE EUROPEIA e do ISCET. Em outra notícia falaremos mais pormenorizadamente deste assunto.
Durante os três dias do seminário foram cerca de 20 pessoas que intervieram para abordar a temática do seminário, que contou com uma participação de cerca de 60 pessoas provenientes de vários países da EU.
Todos estamos conscientes da importância que as tecnologias têm na influência da nossa vida e no contributo para o desenvolvimento das sociedades modernas.
A sociedade contemporânea vem passando por inúmeras mudanças em todas as áreas do conhecimento humano. Os impactos produzidos nos últimos tempos na sociedade através dos meios de comunicação altamente sofisticados como a Televisão, satélites, internet, têm provocado uma profunda modificação no estilo de conduta, atitudes, costumes e tendências das populações mundiais.
É importante ressaltar que essas mudanças só ocorrem por causa do avanço das tecnologias, sobretudo no ramo das telecomunicações. Isso é percebido diariamente em todos os países do mundo, principalmente os mais evoluídos, pois os mesmos produzem tecnologia de forma acelerada e com uma eficiência singular.
A era da tecnologia produz um efeito crescente de desenvolvimento em todos os cantos do mundo, isso faz com que haja uma revolução do próprio processo de compreensão do mundo.
O vertiginoso aumento das tecnologias da comunicação e informação impulsiona ainda mais o processo de mudança comportamental no mundo, isso acontece porque todos os envolvidos com essas, tem que se adaptar a elas para se estabelecerem no mercado e/ou na vida de um modo geral.
Baseado nisso, é que com todas essas mudanças, a valorização do conhecimento é ainda mais necessária e uma preocupação de Portugal.
As Tecnologias de informação e comunicação têm implicações sociais e económicas enormes e afectam todos. Na sociedade actual, o acesso à informação é mais do que um direito: é uma condição essencial para o progresso e para a prosperidade. É uma obrigação social, além de também ser uma oportunidade económica, incluir os milhões de cidadãos em risco de serem deixados para trás, sem possibilidade de utilizarem as TIC em seu benefício.
Maria Reina Martin no decorrer da sua intervenção teve ainda oportunidade de abordar o plano tecnológico do Governo Português.
Peter Serracino – Inglott (ex – Reitor da Universidade de Malta, Ex – Presidente do Conselho de Ciências e Tecnologia de Malta e membro da Convenção sobre o futuro da Europa) na sua extensa mas qualificada comunicação deixou dúvidas e algumas afirmações para a nossa reflexão. Disse; A economia domina e controla as novas tecnologias e as suas influências. Quem controla as novas tecnologias controla e domina a sociedade.
Vamos continuar a permitir que estas grandes multinacionais controlem e dominem as tecnologias, ou devemos contribuir para tornar estas tecnologias património mundiais e de todos?
É necessário estabelecer um plano para analisar as influências das tecnologias na autonomia dos estados.
Que influencia tem as tecnologias no desenvolvimento da sociedade e que repercussões tem no comportamento individual e colectivo das pessoas.
São as tecnologias um contributo para o bem-estar das pessoas?
O que actualmente está a acontecer é uma inversão dos valores colectivos e sociais. Está instalado uma atitude de hiper dependência das empresas servidoras, que nos fornecem ou nos dão acesso ao que querem.
As empresas utilizam a informática com o objectivo único de alcançar mais lucros, sem quaisquer preocupações com o que está socialmente a acontecer aos trabalhadores e suas famílias que perdem o emprego.
É urgente inverter esta tendência e criar riqueza para a distribuir de forma justa. Devemos colocar a Justiça Social como primeira das novas prioridades. As pessoas são a nossa prioridade.
Podemos ainda destacar de algumas intervenções durante o seminário; Os movimentos laborais e sociais deviam ter mais condições para investigar este assunto, agir e interrogar os trabalhadores para terem uma ideia concreta das suas realidades.
Faltam normas sobre a ética da utilização das novas tecnologias.
Todo o mundo deve ter acesso à utilização da internet, mas para isso é necessário diminuir substancialmente os custos com a aquisição do equipamento e utilização da internet.
Disseram os jovens; É importante verificar como a internet ou as novas tecnologias podem aproximar as pessoas de diferentes gerações. Associar experiencia e conhecimentos de vida com a normal utilização das novas tecnologias pelos mais jovens.
O EZA em parceria com as suas Associações filiadas (entre elas a FIDESTRA) deve criar um instituto de investigação de base social cristã para diagnosticar, analisar e propor ideias que contribuam para que as novas tecnologias sirvam as pessoas, as famílias e a sociedade.
As novas tecnologias devem servir para criar um equilíbrio entre a vida e o trabalho e não para aumentar as diferenças e discriminações.
Reforçar a ideia que a EU serve os interesses dos cidadãos, a família, o direito ao trabalho, o desenvolvimento e o bem-estar.
A EU não é só um mercado comum mas a união de valores.
As novas tecnologias devem servir para aproximar as pessoas, diminuir as assimetrias existentes entre países membros e aumentar as relações com outros continentes. As relações com África, o apoio para a sua evolução e desenvolvimento, são um contributo com benefício comum.
Fernando Moura e Silva, Malta -16 de Maio de 2010